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25 de Abril de 2024

Mineração deve ser debate estratégico para ser sustentável e distribuir riqueza

Publicado por Carolina Salles
há 11 anos

A comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizou, nesta quinta, 26, audiência pública para debater o novo Marco Regulatório da Mineração – MRM. Há uma previsão de que o relatório seja votado pela Comissão Especial em 15 de outubro e na semana seguinte vá à votação em Plenário. Se aprovado, vai ao Senado. Os deputados e representantes da sociedade civil presentes à audiência consideram que o debate está sendo atropelado, por que a matéria é muito complexa e ainda não envolveu suficientemente a sociedade civil.

Sustentabilidade – A deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) questionou a capacidade do novo MRM de garantir a sustentabilidade da exploração mineral sem riscos ambientais e com a adequada distribuição da riqueza para que sejam reduzidas as desigualdades sociais, garantido o acesso às gerações futuras e o desenvolvimento após serem encerradas as atividades de mineração.

Janete citou como exemplo a exploração de manganês pela ICOMI, durante 50 anos, no Amapá. Segundo ela, a riqueza extraída não melhorou a vida da população local. “Nem foi distribuída entre os trabalhadores. Na venda da vila, uns compravam o que tinha de mais caro. Outros, como era o caso da minha família, meu pai era cozinheiro, mal comprávamos o pão, o feijão, o arroz e os miúdos. Não quero que aconteça com os outros o que aconteceu comigo”, protestou.

Para ela, a atividade de extração mineral deve ser debatida dentro de um projeto estratégico de desenvolvimento do país, para evitar que a economia se torne cada vez mais primária com a crescente “exportação de natureza”, sem agregar valor e sem se traduzir na melhoria de vida da população.

Janete preocupou-se, ainda, com a possibilidade de haver mineração em unidades de conservação, terras indígenas e quilombolas. “No Amapá, o Ministério Público Federal descobriu 500 requerimentos para exploração mineral em Terras Indígenas. Mandou suspender todos. Estou pedindo informações ao Ministério de Minas e Energia”, anunciou. Janete defende, ainda, que as comunidades afetadas tenham direito ao veto das atividades econômicas que não lhes interessa.

Garantias – O consultor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, Carlos Bittencourt, afirmou que foi retirada a urgência na votação do projeto, “mas não a pressa”. Ele alertou para a primarização da economia do país, tendência fortalecida, segundo ele, pelo novo MRM.

Marcel Stenner, Assessor da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia reconheceu que o MRM é complexo e por isso foi apresentada uma lei geral, que chamou de “lei quadro”, aberta para regulamentações posteriores ou decisões discricionárias. As mudanças na política de mineração conforme for o governante também são apontadas como risco pelos representantes da sociedade civil e parlamentares.

Raul Do Valle, Advogado do Instituto Socioambiental – ISA, considera indispensável exigir seguro ambiental das empresas mineradoras e a caução para o encerramento das atividades de mineração. Sugeriu que o novo MRM estabeleça o zoneamento mineral, para determinar áreas livres da atividade mineraria. Sem isso, segundo ele, há o risco de requerimentos para mineração atingirem a totalidade de terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação. E citou como exemplo o Vale do Ribeira, em São Paulo, onde isso já ocorre. Outro alerta é a isenção de tributos sobre a atividade de mineração, que paga apenas a Compensação Financeira sobre a Exploração de Recursos Minerais – CFEM.

Jéssica Bogossian, do Movimento Consciência Mineral, questionou a forma de acesso às reservas minerais que pode concentrá-las em grandes empresas. Segundo ela, há casos de pequenas empresas de estudos e prospecção que já fecharam depois que cessaram as autorizações. O novo código prevê que as autorizações já concedidas e em lavra sejam mantidas, mas retomará as que não iniciaram as atividades e fará leilão para novas áreas.

A audiência aconteceu a pedido dos deputados Janete Capiberibe (PSB/AP), Zé Geraldo (PT/PA), Sarney Filho (PV/MA) e Ivan Valente (PSOL/SP). Participaram, como expositores, Jonatas Souza da Trindade, Coordenador de Mineração e Obras Civis do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, representante do Ministério do Meio Ambiente; Marcel Stenner, Assessor da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia; Carlos Bittencourt, Consultor do IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas; Jéssica Bogossian, Representante do Movimento Consciência Mineral e Raul do Valle, Advogado do ISA – Instituto Socioambiental.

Fonte: www.chicoterra.com

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Bom dia a todos do JusBrasil. Gostaria de saber o seguinte se uma mineradora após suas explorações, uma empresa de grupo internacional como a Anglo Gold Ashanti, antiga Mineração Morro Velho teve a concessão de exploração de minério de ouro em Nova Lima por mais de 150 anos, infelizmente por falta de legislação vigente da época não se pagou um centavos impostos pela exploração pelas barras de ouro levada para os países de origem desta. Atualmente por volta de 1960 esta mineradora dividiu as terras entre 2 mineradoras, Mineração Morro Velho atual Anglo Gold Ashanti e MBR (Mineração Brasileiras Reunidas) que por uma concessão e terras criaram uma tal ata de incorporação entre acionistas e as duas dividiram as terras da cidade, terras estas que teriam seus donos e origens de registro de imóveis nos cartórios na Comarca da Cidade de Sabará. Nova Lima tem exatamente mais de 312 anos que foi colonizada e as mineradora mais antiga que é a morro velho tem aproximadamente 150 anos e as pessoas já moravam na cidade e cultivava na terras roças de diversas. O impressionante como hoje na atualidade elas se tornaram donas das terras e a Mineração Morro Velho hoje Anglo Gold Ashanti se tornou uma mega especuladora imobiliária juntamente as gigantes empreendedoras da construção civil. Nova Lima se tornou o pedaço de terra mais caro do Estado de Minas Gerais. Não se consegue fazer casas de interesse social do minha casa minha vida do Governo Federal, não se abre espaço de loteamento populares para pessoas de baixa renda pois estas terras estão de posse das mineradoras principalmente da Anglo Gold Ashanti, uma mineradora de grupo estrangeiro que tem o domínio de quase todo território novalimense. Pode um grupo estrangeiro ter esta facilidade de obter tantas terras no Brasil, ferindo e contrariando a constituição de 1988. Gostaria de receber informação a respeito e o caminhos das pedras para poder reverter esta realidade ou pelo menos amenizar o sistema de exclusão social. continuar lendo