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25 de Abril de 2024

Mercado Central perde ação contra ativistas da causa animal. Mas segue infringindo a lei

Apesar das denúncias, animais seguem encarcerados em gaiolas minúsculas, sujas, superlotadas, sem acesso a ventilação adequada ou a banho de sol.

Publicado por Carolina Salles
há 8 anos

Por Daniela Costa

Enquanto o candidato à prefeitura de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em visita ao Mercado Central, promete seguir fazendo o mesmo que todos os outros prefeitos fizeram – vistas grossas aos maus-tratos sofridos pelos animais no tradicional ponto turístico – o local perde ação contra ativistas da causa animal. “Foi uma decisão unânime dos três desembargadores que julgaram o recurso e condenaram o MC ao pagamento das custas do processo e honorários advocatícios”, diz Fernanda Bouchardet, advogada responsável pela defesa. Curiosamente, o pedido de liminar interposto pelo estabelecimento contra a manifestação realizada pelo movimento Libertação Animal, em novembro de 2013, foi concedido em menos de uma semana. A alegação era de que a venda de animais no local ocorre dentro das leis e de que haveria risco à segurança dos trabalhadores e clientes do local. Além disso, o movimento denegriria a imagem do Mercado. No entanto, a manifestação ocorreu de forma pacífica, com a prévia autorização dos órgãos competentes e sem nenhum ato de violência.

Os únicos direitos desrespeitados foram dos ativistas que, segundo a Constituição Federal de 1998, artigo 5º, têm o direito à liberdade de expressão. Contudo, parece que as leis não se aplicam a todos na capital mineira. Em junho de 2016, outro grupo de ativistas foi informado pela Polícia Militar (PM) da existência de ofício expedido pela Justiça proibindo nova manifestação. O mais espantoso é que, em 15 de janeiro de 2015, foi aprovada e publicada lei que proíbe a venda e exposição de animais em vitrines e gaiolas em estabelecimentos comerciais, como pet shops, clínicas veterinárias, parques de exposições e feiras agropecuárias. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) publicou a Resolução 1069/2014, considerando que a exposição, manutenção, higiene, estética, venda ou doação de animais em estabelecimentos comerciais afeta o seu bem-estar.

Se isso não bastasse, a Lei 9.605/98, prevê detenção e multa para aquele que “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. Já o projeto de lei 22.231/16, sancionado no último mês de julho pelo governador Fernando Pimentel, prevê multa de R$ 900 a R$ 3 mil para o crime de maus-tratos. Surpreendentemente, mesmo diante de tantas leis e denúncias de ativistas e especialistas da área, o comércio de animais no Mercado Central continua, inclusive, no mesmo ambiente onde são vendidos inúmeros alimentos.

MAUS-TRATOS

Quem percorre os corredores do Mercado Central flagra animais encarcerados em gaiolas minúsculas, onde a superlotação é comum e o mau cheiro pode ser sentido de longe. Feito mercadorias – como de fato são tratados pelos comerciantes – e não como seres vivos, os animais são postos uns sobre os outros, e o nível de contaminação de doenças é altíssimo, tendo em vista que animais saudáveis têm contato direto com fezes e urina de animais doentes, e convivem em ambientes com pouca higienização e sem ventilação adequada. “Os animais que chegam às lojas do Mercado Central, além de a maioria não ter procedência, são abrigados em gaiolas já utilizadas por outros bichos sem que estas sejam devidamente desinfetadas com cloro”, afirma o veterinário Gilson Dias Rodrigues. Com isso, doenças extremamente contagiosas como a parvovirose e a cinomose são espalhadas através do contato com os dejetos dos animais e secreções, contaminando até os alimentos, o que configura risco para a saúde pública. Segundo a veterinária Marcela Ortiz, especializada em animais silvestres e exóticos, não são só os cães e gatos vendidos no local que estão doentes. “As aves comercializadas no Mercado Central também estão enfermas. Em sua maioria com clamídia que é uma zoonose. Os roedores estão contaminados com ectoparasitas e os peixes também, podendo contaminar todo o aquário de quem os adquirir”

ASSISTA AOS DEPOIMENTOS DE ESPECIALISTAS DA ÁREA

Profissionais conceituados na capital mineira, entre eles o veterinário Manfredo Werkhauser da Clínica Veterinária São Francisco de Assis e o veterinário Leonardo Maciel da Clínica Veterinária Animal Center, falam sobre o comércio de animais no Mercado Central e os riscos à saúde pública.

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Precisamos lutar para extinção completa deste comercio. continuar lendo

Concordo plenamente. Deveríamos fazer passar uma única lei proibindo o comércio de animais em todo o território nacional. Com o atual congresso, impossível, mas podemos ter mais chances no futuro. De qualquer jeito, quanto antes, melhor. continuar lendo

Não acredito que a extinção do comércio de outros animais seja favorável à espécie humana e sim sua regulamentação para que estes sejam tratados com dignidade e sanidade.
Diversas raças possuem aptidão para trabalho como guarda patrimonial, pastoreio e guia de cegos.
Esses animais não costumam ser doados, sendo a aquisição normal através da compra.
Fora isso, somos onívoros por natureza. Não produzimos a Vitamina B12 através de alimentos vegetais, sendo sua necessidade suprida pelos produtos de origem animal. Veganos costumam tomar esta vitamina através de cápsulas ou injeções, porém me pergunto como ela é obtida para fabricação destes medicamentos. continuar lendo

Parabéns, Carolina Salles pelo reforço a essa luta por uma vida digna a esses seres tão desprezados por nossa sociedade. continuar lendo

Mais uma vez nos deparamos com situações ridículas deste país, onde pessoas que defendem uma causa querem impor aos outros sua vontade. Preocupam-se somente onde sua mente e vista pequena alcançam, por que não vão aos extremos de nosso grande país ver como (já que a preocupação é com animais) estes são tratados?! Claro, mais fácil é o que está próximo e chama a atenção, e mais, invariavelmente compõe-se com algum incauto que se candidata a cargos eletivos relacionados a causa, e lá instalados correm atrás de verbas que em se rastreando sempre encontra outras finalidades.
A imposição de suas vontades deveria ser contraposta com a opção de não frequentar estes locais, uma vez que, fazendo uma comparação, quem é onívoro não vai frequentar um restaurante vegano.
Bom, que venham as criticas uma vez que que não é possível contrapor opiniões. continuar lendo

Carolina, sabe me dizer se esse Kalil é o mesmo que presidiu ou preside o Atlético Mineiro? ou se é da mesma família? por que quem entende minimamente de futebol, sabe que do nada, na presidência deste senhor, o clube começou a contratar à toque de caixa, e nem é dos clubes mais lucrativos do país. continuar lendo