Delfinário, “O Corredor da Morte”
Por Agnes Freitas
O que aconteceu à Kathy depois das filmagens finalizadas e de insuflar de dinheiro os bolsos dos produtores?!
Foi deixada a definhar num tanque. A sua barbatana superior perdeu a vitalidade, nas suas costas apareceram chagas solares, e acabou por cometer suicídio. Sim, os golfinhos podem, tal como nós, conscientemente deixar de respirar.
Recentemente, num parque aquático dos EU uma orca (num dos seus espetáculos diários) revoltada afogou a sua treinadora enquanto as jubilosas testemunhas de sorriso estúpido na cara apontavam as câmaras fotográficas como flechas captantes de momentos tristes, diga-se. Desde então, consciências despertaram e cresceram os protestos e boicotes a parques de entretenimento marinho.
Este animais extremamente sensíveis e sociáveis têm fortes laços de família que os movem a saltitarem felizes pelos oceanos unidos. O grupo é constituído pelas mães, filhas e filhas das filhas. Em nome do “entretenimento” golfinhos e baleias são roubados à sua casa e famílias para serem aprisionados em aquários.
Definhando, infelizes. E os felizes ingressos dos espetáculos são vendidos acreditando que vêm animais sorridentes acrobatas comendo peixe fresco.
Quem já ouviu falar na matança anual (de setembro a março) de golfinhos em Taiji (Japão), a maior cidade fornecedora de golfinhos para cativeiro do mundo?
“The Cove” documenta com imagens reais a atrocidade vivida naquela enseada escondida. Os barcos dos caçadores encurralam com redes os animais em direção à praia. E começa o massacre: no pânico alguns morrem do coração, outros dos pulmões enrolados nas redes, crias são espancadas com bastões, mães tentam soltá-las das redes em vão... Enfiados naquele mar de sangue, caçadores cortam a garganta aos que ainda se debatem... E na praia vão-se amontoando corpos a esvair-se em sangue...
Enquanto inteiros grupos de golfinhos são massacrados, treinadores de animais aquáticos escolhem na água ensanguentada os mais atrativos para explorarem nos parques marinhos do mundo.
Para quem não sabe: Estes animais em cativeiro sofrem alterações psicológicas, físicas e psicomotoras. A sua longevidade encurta. A angústia e a falta de motivação de vida levam-nos a atitudes repetitivas sem objetivo e caem numa tristeza profunda.
Agora a realidade da nossa ilha! Temos grupos de golfinhos em redor da nossa rocha florida, livres e felizes.
Um delfinário para a Marina de Baixo?
Destruíram um palco promissor de campeonatos de surf para construir uma marina. Entretanto, reconstruções da ÚTIL marina. Desistência do projeto. E agora? Olha, agora enfiamos lá um aquário de golfinhos!
Enquanto parques marinhos são fechados, na Madeira pensa-se em construir um! Enquanto tantas gentes boicotam a exploração destes animais, na Madeira pensa-se em usá-los! Enquanto os turistas procuram a Madeira pelo seu estado natural, por ca pensa-se em pô-la artificial! E ainda há quem fique feliz com as ideias brilhantes de mentes reduzidas!
4 Comentários
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Isso é uma vergonha para a humanidade. Matar inocentes animais por ganância. continuar lendo
Concordo plenamente, Clayton.
Dá um nojo da humanidade e vergonha de ser humano nessas horas....
Mas o que me conforma é que nem todos somos assim, e ainda podemos acreditar que um dia a conscientização será maior e que esses absurdos serão combatidos. continuar lendo
Essa matança de golfinhos em Taiji e a captura de muitos para uma vida de escravidão em parques aquáticos é inadmissível na nossa sociedade. continuar lendo
Texto muito Interessante e de relevante conhecimento a todos. Já dizia Mahatma Gandhi que a evolução de uma Sociedade pode ser determinada na forma pela qual ela trata os animais... continuar lendo