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18 de Abril de 2024

Ninguém ganhou com o “jeitinho”

Publicado por Carolina Salles
há 10 anos

Burlar regras, acordos, furar filas, estacionar em locais proibidos, nem que seja nem por apenas um minutinho. O jeitinho brasileiro que pode ser vivenciado na prática no dia a dia, para se dar bem ou simplesmente burlar a lei, por algum outro motivo, não foge à regra também quando o assunto é gestão pública. A característica é evidente nas horas difíceis, quando se apela para solucionar algum problema, medindo-se ou não as consequências que a ilegalidade ou imoralidade poderá trazer no futuro.

A mais recente condenação do ex-prefeito Paulo de Oliveira e Silva, que esteve à frente do Poder Executivo por duas oportunidades, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, sobre o desvio de verbas recebidas pela Companhia de Energia do Estado de São Paulo (Cesp), mesmo que para finalidades inerentes ao campo administrativo, escancara as tortuosas atitudes que não se podem tolerar de um administrador público.

Ao desviar uma verba, destinada para beneficiar a comunidade com a construção de uma área de lazer, por conta de irreparáveis danos ambientais que foram causados pelo represamento de águas do Rio Mogi Guaçu, o ex-prefeito e seu diretor de Finanças à época, Ederaldo Antonio Moreno Alfonso, desonraram um acordo e agiram com amadorismo, o que não se espera de servidores públicos, representantes da população.

É um erro imaginar que, ao utilizar R$ 150 mil destinados a uma obra de compensação a um dano ambiental, para suprir emergências financeiras nas contas públicas – que, segundo defesa, era de mais de R$ 6 milhões – as contas pudessem ser movimentadas como se fossem finanças pessoais. Não é esse tipo de atitudes que se pregam nos períodos eleitorais.

O partido justifica que, com a indisponibilidade da empresa do Estado transferir a área para a Prefeitura, por conta de problemas na transferência da escritura, o dinheiro ficou parado, e por isso, houve a decisão de utilizar o recurso para assumir os compromissos com o funcionalismo e com o pagamento de dívidas deixadas pela antiga administração. Embora não aparente ter agido de má fé, neste caso, o administrador deveria ter arrumado alguma outra solução, já que a origem do dinheiro era a reparação de um dano ambiental.

O fruto de toda essa questão, em uma análise direta e simples, é a de que ninguém ganhou. Perde a população, que não desfruta de um novo espaço de lazer; perdem os condenados Paulo Silva e Ederaldo Moreno, que terão mais três anos de inegibilidade; e até mesmo a Cesp, que até hoje não teve a compensação ambiental acordada concluída.

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/ninguem-ganhou-com-o-jeitinho/137404102

4 Comentários

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O que mais me assusta com o "jeitinho brasileiro" são as condenações posteriores... principalmente as decisões embasadas na "Segurança Jurídica" em que o Tribunal diz haver flagrantes crimes, mas com o passar do tempo (e da morosidade...) em nome da segurança jurídica, fica tudo como está!!!! continuar lendo

O "jeitinho brasileiro" começa quando não admitimos que somos uma sociedade que erra e transgride demais. Burlamos muitas questões morais e não conseguimos aceitar isto. Não aceitamos esperar nas filas, semáforos e, quando temos algum amigo para conseguir fazer a "coisa andar" não pensamos duas vezes em pedir a ajuda.
É partindo de fatos micro que chegamos à situação deplorável que o país se encontra em termos de instituições falidas. continuar lendo

Como nossa sociedade é ridícula. Se tivéssemos o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, valeria a pena continuar hipervalorizando a cultura da esperteza. Estamos quase na centésima posição. Continuar a valorizar essa cultura abominável, significa que, não aprendemos com os erros do passado e continuaremos a ter esse pífio IDH.

Desrespeitando as pequenas regras de convivência é que transformamos o Brasil nessa grande tragédia.

Os indivíduos de nossa sociedade costumam desrespeitar todas as regras do nosso país (país de onde tiramos o nosso sustento e riquezas, onde criamos nossos filhos; é aqui que sepultamos os nossos entes queridos e provavelmente onde seremos sepultados; é aqui que sorrimos, choramos, suamos e derramamos nossas lágrimas de sangue; país paraíso admirado por vários povos e culturas ...), porém, quando visitam outros países, procuram respeitar todas as regras (ou respeitam ou terão problemas com a justiça de sociedades organizadas - prisão e tornozeleiras eletrônicas).

Um aviso aos (às) espertos (as) que não têm nenhuma contribuição a dar ao Brasil:

Vocês que envergonham o Brasil com essa cultura pobre, deveriam procurar outro país para viverem. Será que existe algum país que os aceitariam? continuar lendo

Prezado Julio,
Parabéns pelo comentário e revolta com os que cometem delitos...
Mas veja que não podemos comparar os pequenos delitos citados com os bandidos dos 4 poderes...dos bandidos políticos, dos bandidos de toga, dos bandidos corruptores e os bandidos da mídia....
Veja que o IDH, pregado pelo bandido político, dá um prato de comida e depois lhe tira o sangue...
Isso sim é nefasto em qualquer sociedade...Estes sim são os verdadeiros bandidos e não podemos aceitar a ideia de que, quem comete pequenos delitos são, iguais aos bandidos dos 4 poderes...
Estes bandidos sim devem ser caçados. continuar lendo