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25 de Abril de 2024

Matança de botos: mais quatro meses de agonia

Publicado por Carolina Salles
há 10 anos

Por Vandré Fonseca

Mais de 3.500 botos vão morrer na Amazônia brasileira durante este segundo semestre, antes de começar a moratória de cinco anos imposta pelo governo federal à pesca da piracatinga. Para capturar o peixe, que se alimenta de animais mortos, pescadores utilizam botos, um crime ambiental que vem sendo denunciado há anos pela Associação Amigos do Peixe-Boi da Amazônia (Ampa). Esta projeção é bem superior ao número estimado anteriormente, que indicava a morte de 2.500 botos por ano na região.

A estimativa foi feita pela bióloga Vera Silva, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a partir de dados de pesca da Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror) e pesquisas com pescadores. Segundo dados apresentados pela Sepror, em 2011 foram capturadas aproximadamente 4.400 toneladas de piracatinga no Amazonas. Segundo estudos da equipe de Vera Silva, 39% desse total conseguido com a morte de botos.

Ainda de acordo com a pesquisadora, a maior parte desse pescado foi obtido no segundo semestre. "É quando os rios estão baixando e também, no final do ano, têm o defeso. Aí, os pescadores vão atrás da piracatinga", afirma. De acordo com ela, estudos realizados em um frigorífico em Tefé, interior do Amazonas, indicaram que de 170 toneladas de piracatinga pescados durante um ano, 140 toneladas foram obtidas no segundo semestre.

Para evitar esta catástrofe, a Ampa realiza a campanha Alerta Vermelho. A intenção é obter assinaturas para tentar antecipar a moratória da pesca da piracatinga no Brasil e também sensibilizar autoridades da Colômbia para o problema, já que boa parte do pescado dessa espécie é exportada para o país vizinho. Nesta quinta-feira, a Ampa pretende entregar um abaixo-assinado com 54 mil nomes à Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Amazonas.

A entrega é também uma reação à mobilização que tenta evitar a moratória. O Conselho Estadual de Pesca e Aquicultura (Conepa) pede a revisão da Instrução Normativa que determinou a proibição da pesca da piracatinga por cinco anos, a partir de janeiro do ano que vem, e a reavaliação da área onde ela será proibida. Segundo os pescadores e empresários do segmento, a solução seria aumentar a fiscalização para evitar a morte dos botos.

Para a bióloga Vera Silva, fiscalizar não é suficiente. "A cada ano, a gente vê na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, a população de botos diminuir 7,5% por cento. Isso não é sustentável", destaca. De acordo com Vera, o agravante é que os pescadores preferem botos jovens, que muitas vezes nem chegaram a idade reprodutiva. Um boto macho demora 10 anos para atingir a idade reprodutiva e a fêmea entre 6 e 7 anos. A gestação demora entre 11 e 13 meses, além disso, a mãe amamente o filhote por dois anos. "A morte de jovens que ainda nem se reproduziram tem um enorme impacto sobre a população", afirma.

Matana de botos mais quatro meses de agonia

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13 Comentários

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Eu vi esta reportagem dos assassinatos, sim este seria o termo... um absurdo e afronta contra a natureza, matar os botos apenas para usar a carcaça como isca... creio que o ideal seria o governo dar alternativas de carcaças a estes "pescadores", doando carne de porco, ou restos de outros animas já abatidos para consumo. continuar lendo

assassinato é quando um homem mata outro! um animal deste ai nao é um ser humano que tem família e gente para chorar por ele. continuar lendo

Incrível como ainda existem idiotas que enxergam a defesa ambiental como excludente dos direitos humanos. Parece que não entendem que a cadeia ambiental saudável é que confere a base para a sobrevivência de tudo o que é vivo, inclusive da prole ignorante que eles vivem a despejar no mundo. continuar lendo

José Barros,
Você está enganado. Se você soubesse mais sobre os mamíferos marinhos você saberia que muitos deles têm fortes laços familiares, muita inteligência e comunicação complexa.
Que pena que temos uma visão tão bíblica acerca dos animais, pois ser parássemos de sermos tão arrogantes em nossa imensa inteligência, veríamos que há alguém no corpo do animal. Nós dependemos mais deles do que imaginamos. "O homem não tece a teia da vida: É antes um dos seus fios". continuar lendo

que triste essa situação! continuar lendo

Como resolver isso? Privatizando os rios, os botos e tudo o mais. Aquilo que tem dono é preservado. O que não tem dono é destruído. Mas essa regra simples não é entendida pelo brasileiro, povo acostumado com o "bem público". continuar lendo

E a larga matanca de brasileiros de bem todos os anos? Já foram 50 mil mortos ano passado e voces se preocupando com botos?
deixa os caras matarem os botos que se defendam estao cacando pra comer! continuar lendo