Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
20 de Abril de 2024

"Temos perguntas sem respostas", diz ativista do Greenpeace Ana Paula Maciel

Bióloga diz estar feliz em compartilhar com outras pessoas, a experiência vivida na Rússia

Publicado por Carolina Salles
há 10 anos

Temos perguntas sem respostas diz ativista do Greenpeace Ana Paula Maciel

Foto: Paulo Pires/GES

Canoas - Formada em 2007, a bióloga porto-alegrense Ana Paula Maciel, 31 anos, voltou nesta terça-feira a percorrer os corredores de onde saiu para se juntar ao Greenpeace há oito anos. Palestrante da aula inaugural do curso de Biologia da Ulbra, da qual é egressa, a ativista atraiu universitários curiosos para saber mais sobre o drama vivido na Rússia a partir de setembro do ano passado, quando um navio da ONG foi apreendido e os tripulantes presos durante ação contra o início da exploração de petróleo em águas congeladas no Círculo Polar Ártico. Em dezembro o grupo recebeu anistia e ela retornou ao Estado.

Dizendo estar mais “madura, calma e sem pressão”, a bióloga que voltou a Canoas ontem em nada lembra aquela das fotos que rodaram o mundo no ano passado. Ana Paula está animada com o trabalho que vem realizando - de relatar sua experiência e discutir sobre biologia e direitos humanos com universitários e trabalhadores da área - e afirma que muitos dramas vividos na Rússia ficaram para trás. O que ela ainda não tem, afirma, são respostas para suas perguntas. “Ainda não entendemos o que houve, por que passamos por tudo aquilo. Nossa ação não era contra a Rússia”, resumiu, defendendo que “protesto violento não leva a nada”.

Diário de Canoas - Como é retornar ao local onde estudou Biologia e de onde saiu direto para o Greenpeace?

Ana Paula Maciel - É bom conversar com os estudantes da área, compartilhar conhecimentos, dividir experiências e discutir sobre biologia, questões ambientais, direitos humanos e liberdade de expressão. Está nos meus planos voltar a estudar, embora ainda não saiba quando e onde farei isso. Quero fazer uma pós na área de animais selvagens, creio que sobre pássaros. Amo estudar, pesquisar e estar em meio à natureza.

DC - Como tem sido tua rotina dois meses depois de receber anistia e retorna rao Brasil? E quais os planos para o futuro?

Ana Paula - Esta é minha vida há oito anos e não pretendo mudar. Desde que voltei não consegui parar por mais de quatro dias, quando fui para Foz do Iguaçu com a minha sobrinha e me conectei à natureza. Quero aproveitar a repercussão que o caso teve para passar minha mensagem. Não tenho previsão de descanso e nem de quando embarco para nova missão com o Greenpeace. Quando achar que estou preparada me colocarei à disposição novamente. O navio onde eu trabalhava segue apreendido na Rússia.

DC - Mais tranquila, que interpretação pode ser feita de tudo o que aconteceu na Rússia?

Ana Paula - As explicações continuam muito no campo da especulação. Só temos perguntas sem respostas. Nossa missão nunca foi contra a Rússia, mas sim contra a exploração de petróleo no Ártico por determinadas empresas. Nesse sentido continuamos na mesma situação de cinco meses atrás, quando fomos presos. Felizmente a prisão está cada vez mais longe de mim, estou menos emotiva e mais tranquila. Até quando voltei ao Brasil era como se aquele helicóptero de onde vieram os homens que tomaram o navio estava sempre sobrevoando a minha cabeça. Naquele mês que fui libertada sob fiança fiquei fora da prisão apenas fisicamente. E ainda com vigilância permanente.

DC - A missão da qual participaste surtiu algum efeito prático?

Ana Paula - Acreditamos que sim, por isso valeu a pena. No dia em que recebemos anistia a empresa informou que havia começado a perfurar no Ártico, mas há rumores de que não houve extração de petróleo. Outras companhias também estão desistindo, seja por decisão própria, seja por determinação judicial.

DC - Como o Greenpeace vem acompanhando a expansão da exploração de petróleo no Brasil?

Ana Paula - Com muita atenção e preocupação. Não existe prospecção de petróleo sem riscos ambientais. Há poucos dias, enquanto um representante do Greenpeace detalhava nossa posição em relação ao pré-sal, houve um vazamento na bacia de Campos. Infelizmente isso é comum. Estamos de olho e se precisar escalar uma plataforma de petróleo, vou escalar. Todo mundo sabe que é preciso diversificar a matriz energética mas o governo segue destinando muito dinheiro para petróleo, gás e carvão. O argumento de que o dinheiro do pré-sal vai para saúde e educação é questionável. Quem garante que o problema é a falta de dinheiro e não a corrupção e a má gestão? Dinheiro o Brasil tem de sobra

Fonte: Igor Múller - http://www.diariodecanoas.com.br/_conteudo/2014/02/noticias/regiao/15824-temos-perguntas-sem-respost...

  • Sobre o autorDireito Ambiental
  • Publicações2621
  • Seguidores3784
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações478
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/temos-perguntas-sem-respostas-diz-ativista-do-greenpeace-ana-paula-maciel/113191057

0 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)